Delmiro Gouveia |
Lúcia Gaspar Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
Delmiro Augusto da Cruz Gouveia nasceu no dia 5 de junho de 1863, na fazenda Boa Vista, município de Ipu, Ceará, filho natural de Delmiro Porfírio de Farias e Leonilda Flora da Cruz Gouveia.
Em 1868, transferiu-se com sua mãe para a cidade de Goiana, em Pernambuco e depois de quatro anos para o Recife.
De família pobre, teve que trabalhar cedo para se manter e ajudar a mãe. Foi bilheteiro da estação Olinda do trem urbano chamado maxambomba, trabalhando também na estação de Apipucos, bairro do Recife, onde adquiriu, quando rico, um palacete que hoje é propriedade da Fundação Joaquim Nabuco, onde funciona a Diretoria de Documentação. Trabalhou ainda como despachante de barcaças.
Interessado na compra e venda de couro e peles de cabras e ovelhas vai para o interior de Pernambuco, casando-se, em 1883, com Anunciada Cândida de Melo Falcão, na cidade de Pesqueira.
Dedicou-se ao comércio e exportação de couro e peles, inicialmente como empregado da família Lundgren e depois por conta própria. Mantinha um grande número de compradores por toda a região Nordeste do Brasil, tornando-se conhecido como o Rei das Peles.
Fundou, em 1896, a Casa Delmiro Gouveia & Cia, passando a destruir a concorrência no setor e ficando conhecido como o Rei das Peles.
Dispondo de capital, se engajou politicamente e partiu para outros empreendimentos. Foi o responsável pela urbanização do bairro do Derby, no Recife, onde só havia manguezais: abriu estradas, ruas, construiu casas e um grande mercado modelo sem similar no Brasil, o Mercado Coelho Cintra, com 264 compartimentos alugados a comerciantes de alimentos e de outros tipos de mercadoria, inaugurado no dia 7 de setembro de 1899.
Os baixos preços praticados no mercado incomodaram a concorrência, havendo por isso desentendimentos com o então prefeito do Recife, Esmeraldino Bandeira e em decorrência, conflitos com o poderoso Rosa e Silva, presidente do Senado Federal e vice-presidente da República, o que culminou com o incêndio do mercado, no início de 1900.
Hoje, após a reforma realizada em 1924, o prédio do antigo mercado abriga o quartel general da Polícia Militar de Pernambuco.
Autoritário e de temperamento difícil, à medida que enriquecia criava mais inimigos.
Em 1901, perseguido e com problemas no casamento refugiou-se durante um ano na Europa. Separado da esposa, em 1902, aos 39 anos, raptou a adolescente Carmela Eulina do Amaral Gusmão, fugindo para Alagoas e fixando-se na Vila da Pedra, uma localidade a cerca de 280 km de Maceió e que, na época, só possuía seis casas. Passou a comprar e exportar couro e peles, utilizando o Porto de Jaraguá, em Maceió.
Levou a energia elétrica para a povoação onde ficava a fábrica e depois até a Vila da Pedra.
DELMIRO Gouveia [Foto neste texto]. Disponível em: <https://www.diariodepernambuco.com.br/static/app/noticia_
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