Waldemar Valente |
Maria do Carmo Andrade Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco Waldemar de Figueiredo Valente, médico, farmacêutico, antropólogo, sociólogo, etnólogo, professor, pesquisador, humorista e escritor, nasceu no dia 9 de fevereiro de 1908, na rua da Conceição, no bairro da Boa Vista, no centro do Recife, filho do poeta e jornalista Samuel da Silva Valente e de Orminda de Figueiredo Valente. Sua infância foi semelhante a de muitos meninos recifenses do começo do século XX, jogando pião, empinando papagaio, brincando de dono-da-calçada, nas ruas quietas do Recife de seu tempo. Quando adolescente, teve muitos amores e participou, como estudante, da boemia e da política da época. Iniciou sua vida profissional como médico e se orgulhava de ter sido o primeiro médico pernambucano que aplicou a penicilina (substância produzida pelo fungo penicillium notatum que apresenta propriedades antibióticas). Trabalhou no Serviço da Peste, matéria na qual era pós-graduado, embrenhando-se pelo sertão, conhecendo de perto a terra seca e os problemas do sertanejo. Já de volta ao Recife, foi professor catedrático do Instituto de Educação e do Ginásio Pernambucano, Professor da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade Católica de Pernambuco e do Instituto de Higiene de Pernambuco. Na verdade, ele lecionou praticamente em todos os colégios do Recife. Entusiasmou-se pela missão de ensinar e criou um colégio, o Ateneu Pernambucano. Era, no Recife, o primeiro colégio a manter curso noturno equipado. Nestas condições, o Colégio funcionou em toda a sua plenitude, mantendo, ao lado do curso seriado de cinco anos, os cursos de artigo 100, o primário e o de admissão. Todo dinheiro arrecadado era empregado na compra de material e no pagamento do professorado e do corpo administrativo. Dentro de pouco tempo o Colégio tornou-se quase modelo. Possuía ótimas salas de aulas, com material escolar de melhor qualidade, Museu de História Natural e Gabinete de Física e Química. O corpo docente era, talvez, o melhor do magistério secundário particular de Pernambuco. Dele faziam parte Waldemar de Oliveira, Amaro Quintas, Nilo Pereira, Tércio Rosado Maia, Nilton Cabral de Melo, Poggi de Figueiredo, Jorge Galvão, Eduardo Monteiro de Matos, Moacir Albuquerque, José Alfredo de Menezes, entre outros. O sucesso do Colégio incomodou a alguns donos de colégios particulares do Recife, resultando em campanhas que obrigaram Waldemar Valente a vendê-lo. Waldemar foi também diretor do Ginásio Pernambucano, do Instituto de Educação, do Anexo João Barbalho, do Departamento de Antropologia do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais-IJNPS, do Serviço de Educação Sanitária e do Departamento de Bio-Estatística-DSP, de Pernambuco. Pertenceu ao grupo de notáveis africanistas que se destacou na área desde o Primeiro Congresso Afro-Brasileiro de 1934, cuja iniciativa e organização coube a Gilberto Freyre. Foi presidente da Comissão Pernambucana de Folclore, consultor científico para assuntos de pesquisa da Fundação Joaquim Nabuco e membro da Academia Pernambucana de Letras. Entre as obras que publicou, destacam-se: O povoamento primitivo daAmérica (1939), tese para concurso de cátedra no Ginásio Pernambucano; Introdução ao estudo da Antropologia Cultural (1953); Sincretismo religioso afro-brasileiro (1955); Maria Graham: uma inglesa em Pernambuco nos começos do século XIX (1957); Misticismo e região (1963); O padre Carapuceiro: crítica de costumes na primeira metade do século XIX (1969);Serrinha: aspectos antropossociais de uma comunidade nordestina (1973);Antecipação de Pernambuco no movimento da independência: o testemunho de uma inglesa (1974); O Japonês no Nordeste agrário (1978), traduzido para o japonês; Folcore brasileiro: Pernambuco (1979); Nordeste em três dimensões folclóricas (1986); Antologia pernambucana de Folclore, em colaboração com a folclorista Mário Souto Maior (1990). Waldemar Valente morreu no Recife, no dia 27 de novembro de 1992. Recife, 30 de junho de 2004.
FONTES CONSULTADAS:
SOUTO MAIOR, Mário; VALENTE, Waldemar (Org.). Antologia pernambucana de Folclore. Recife: Fundação Joaquim Nabuco. Ed. Massangana, 1988. (Monografias, FUNDAJ, n. 31)
TÁVORA, José Geraldo. Presença médica na Academia Pernambucana de Letras (1921-1995). Recife: UFPE.Ed. Universitária, 1996.
VALENTE, Waldemar. Dama de ouro. Recife: FUNDARPE: CEPE, 1990. (Biblioteca Comunitária de Pernambuco. Memória, 2).
COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: ANDRADE, Maria do Carmo. Waldemar Valente. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009. |