Fandango |
Lúcia Gaspar Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.
O fandango é um auto popular, já tradicional no início do século XIX e constitui-se numa convergência de cantigas brasileiras e de xácaras portuguesas (narrativas populares em versos), distinguindo-se a Nau Catarineta. O espetáculo desenvolve-se em um tablado, armado em frente à igreja ou em qualquer outro local ao ar livre, previamente escolhido. O elenco é composto pelo mar-e-guerra, imediato, médico, piloto, mestre, contra-mestre, duas alas de marujos e dois palhaços, o Vassoura e o Ração. Os personagens vestindo fardas de oficiais da Marinha e marinheiros, cantam e dançam ao som de uma orquestra de corda (violino, viola e violão) podendo também aparecer o cavaquinho e o banjo. Há um cortejo de abertura que canta e recita episódios da vida no mar. O enredo é basicamente o seguinte: uma nau por causa de uma tempestade, vagou pelo oceano durante sete anos e um dia, com a fome atacando a todos. Escolhe-se um tripulante para matar a fome dos demais, mas antes que ele seja morto, Nosso Senhor Jesus Cristo faz o milagre de salvá-los fazendo-os chegar à Espanha, enquanto o Diabo faz tudo para impedi-lo. Pode-se assistir um fandango na época do Natal, em Pernambuco, nas cidades do Recife, Nazaré da Mata, Carpina e Itamaracá, em Cabedelo, na Paraíba e em Maceió, no estado de Alagoas. Na região Sul do Brasil (São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) o fandango é um baile, uma festa, onde se executa um conjunto de danças rurais, com variada coreografia, que receberam influência hispânica. Em São Paulo é parecido com o cateretê, dança rural do Sul do Brasil. É dividido em dois grupos distintos: o rufado ou batido, exclusivo dos homens, marcados por sapateado forte e barulhento e o bailado ou valsado, em que os casais arrastam os pés no chão. No Paraná é uma festa típica dos caboclos e pescadores do litoral do Estado, onde se dançam várias marcas de fandango. Já foram registradas mais de cem marcas diferentes, entre as quais, o Anu, Xarazinho, Xará-grande, Queromana, Chamarrita, Andorinha, Caranguejo, Coqueiro e Pega-fogo.
Recife, 15 de julho de 2003. (Atualizado em 28 de agosto de 2009).
FONTES CONSULTADAS:
AZEVEDO, Fernando Corrêa de. Fandango do Paraná. Rio de Janeiro: Funarte, Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, 1978.
BRANDÃO, Théo. Autos e folguedos populares de Alagoas: o fandango. Maceió: Imprensa Oficial, 1957. Separata da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, 1957.
CÂMARA CASCUDO, Luís da. Dicionário do folclore brasileiro. 3.ed. rev. e aum. Brasília: INL, 1972. 2v.
SANTOS, José Batista dos. Pernambuco histórico, turístico, folclórico. [Recife: s. n.], 1989. p.349-350.
COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: GASPAR, Lúcia. Fandango. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009. |