Brinquedos Populares |
Regina Coeli Vieira Machado Servidora da Fundação Joaquim Nabuco
Não se sabe precisar em que época surgiram os brinquedos populares, sabe-se apenas que eles apareceram em todas as sociedades desde as mais remotas. No contexto folclórico, o brinquedo popular é peça fundamental para o desenvolvimento intelectual e coordenação motora da criança.
Caracterizado como produto artesanal, o brinquedo age de forma interativa no mundo de fantasias da criança, aproximando-a da realidade social em que vive, desenvolvendo experiências internas e externas ao seu mundo, promovendo melhores resultados na aprendizagem.
Com o advento da revolução industrial, o brinquedo sofreu grandes modificações tecnológicas. Diminuiu a demanda artesanal e a sociedade passou a consumir os brinquedos industrializados, com novas formas e roupagens que fugiram da realidade social das crianças de classe média e baixa.
Mas apesar do avanço tecnológico, o brinquedo artesanal continua com a sua identidade cultural, que encanta as crianças de todas as gerações e classes sociais, ricas e pobres.
O brinquedo artesanal nunca deixou de ser fabricado, principalmente nas regiões mais pobres do Brasil, onde o artesanato é o meio de subsistência da maioria da população. É grande a variedade destes brinquedos, que vai desde os carrinhos de madeira ou de lata, bonecas de pano, marionetes, aviãozinho de papel, pião, baladeiras, estilingue, badoque, papagaio ou pipa, peteca e outros. Todos são encontrados nas feiras livres, mercados , mercearias e museus.
Bodoque ou badoque
Originário da Índia, foi trazido para o Brasil pelos portugueses. Fabricado a partir de uma vara de marmelo de boa grossura, flexível e ressecada ao fogo, com ganzepe nas extremidades onde faz-se o encaixe para amarrar a corda, mais ou menos no centro, a madeira deve ser afinada para melhor flexibilidade. A corda é feita de barbante torcido e depois encerado para aumentar-lhe a resistência e durabilidade. Na metade da corda coincidindo com a empunhadura do arco, faz-se um trançado, chamado "malha" ou "rede", onde se coloca os projéteis, que geralmente são pedrinhas ou pelotas de barro cozido.
Carrinhos
Os carrinhos podem ser confeccionados a partir de sucatas industriais como latas de leite, óleo, doce, dependendo da criatividade do artesão. São encontrados em cores vibrantes e de vários modelos como as carretas¸ ônibus, carros de corridas, locomotivas. As ferramentas utilizadas para confecção são a bigorna, alicate, ferro de solda e martelo. São encontrados nas feiras livres, mercados e mercearias.
Estilingue
Conhecido também por setra, baladeira e atiradeira, sua utilidade é medir a pontaria dos participantes. É composto de três partes distintas: o gancho ou forquilha (cabo), o espástico e a malha. A forquilha é feita preferencialmente de laranjeira, goiabeira ou jabuticabeira. Nas extremidades das duas hastes da forquilha, amarra-se o elástico diretamente na madeira. O elástico usado é de câm
É uma espécie de teatrinho de bonecos em forma de luva. Os bonecos são talhados em mulungu, cortiça ou feitos em papel marché, com aproveitamento de sucata. O mamulengo, como o fantoche tradicional, tem cabeça e braços ocos e é manipulado pelos dedos indicador, médio e polegar dos mamulengueiros ou artesãos.
Mula manca
A mula manca é um brinquedo confeccionado em madeira leve, com as características de uma burrinha, com os membros (pernas, pescoço e cauda). É colocada sobre uma base e tencionado por meio de fios ligados a uma espécie de mola localizada na base que quando é pressionada pelos dedos a burrinha movimenta-se para todos os lados.
Pião ou pinhão
Segundo Câmara Cascudo, no seu Dicionário de folclore brasileiro, a brincadeira do pião
Ratinho
O ratinho é confeccionado sobre um molde de barro cru, usando uma mistura de água, goma e papel. O artesão modela o brinquedo, coloca um carretel de barro cru embaixo do brinquedo tensionado por borracha, puxado por uma linha, põe rabo, orelha de borracha de pneu e pinta o corpo do bichinho com cores fortes primárias.
Xipoca
A xipoca é feita de um canudo de taquera de mais ou menos trinta centímetros de comprimento e um êmbolo feito de madeira resistente e pouco maior do que o tamanho do tubo, que deve correr, dentro do canudo não muito folgado. A munição é feita de pedaços de papel jornal molhado e amassado em forma de bolinhas e colocada no tubo com a vareta até atingir a extremidade e depois disparar. Este brinquedo é utilizado na "guerra", entre dois grupos de meninos distantes um do outro cerca de cinco a oito metros. Quanto maior a pressão mais distante é lançado o projétil.
Recife, 22 de julho de 2003. (Texto atualizado em 28 de setembro de 2007).
FONTES CONSULTADAS:
FEIRA-ATIVIDADE: brinquedos e brincadeiras populares: uma experiência no Museu do Homem do Nordeste. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1992. 44 p.
SILVA, José Nilton da. Brinquedos populares: subsídios para o professor de educação do 1º grau. João Pessoa: Secretaria de Educação e Cultura, 1982. 59 p.
RIBEIRO, Paula Simon; SANCHOTENE, Rogério Fossari. Brincadeiras infantis: origem-desenvolvimento-sugestões. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 1990. 75 p.
COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: MACHADO, Regina Coeli Vieira. Brinquedos populares. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009. |