Batutas de São José (bloco carnavalesco) |
Lúcia Gaspar Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
Surgiu como uma dissidência do Batutas da Boa Vista e é o mais antigo bloco carnavalesco misto em atividade ininterrupta do Recife.
A história do bloco foi contada através das músicas do compositor e carnavalesco João Santiago dos Reis, que se inspirou no dia-a-dia da agremiação. Personagens importantes da agremiação foram homenageados por ele como o fundador Augusto Bandeira, na música A vitória é nossa; Edite, figura obrigatória da ala feminina do bloco, em Edite e o cordão; Osmundo, um barbeiro que sempre foi o reco-reco de ouro do bloco, lembrado na músicaReminiscência; Levino Ferreira, um dos mais importantes compositores de frevos-de-rua do carnaval de Pernambuco, em Escuta Levino.
O maior sucesso comercial do Batutas, no entanto, foi a música Você sabe lá o que é isso, também de autoria de João Santiago, feita para o carnaval de 1952 e que ficou conhecida como o hino do bloco:
Eu quero entrar na folia, meu bem Você sabe lá o que é isso Batutas de São José, isso é Parece que tem feitiço Batutas tem atrações que, Ninguém pode resistir Um frevo desses bem faz, demais a gente se distinguir
Deixe o frevo rolar Eu só quero saber, se você vai brincar Ah! Meu bem sem você não há carnaval Vamos cair no passo e a vida gozar
Passaram pelo bloco, além de João Santiago e Levino Ferreira, outros grandes compositores como Edgard Moraes, Nelson Ferreira e Álvaro Alvim.
João Santiago dirigiu a orquestra Jazz do Batutas de São José, em 1958. A partir de 1959, passou a comandá-la o maestro Mário Guedes da Silva.
Hoje, o bloco é freqüentado e administrado apenas por antigos sócios. A juventude o esqueceu, não colabora mais.
A sede atual fica localizada no bairro de Afogados e suas únicas fontes de renda são os bailes realizados aos domingos e uma verba de ajuda de custo recebida da Prefeitura da Cidade do Recife
A falta de maior incentivo do poder público, dívidas trabalhistas, além do abandono da maioria dos sócios beneméritos colocam em risco a sobrevivência da agremiação, de tantas tradições e contribuições ao carnaval recifense e à cultura pernambucana.
Recife, 29 de junho de 2004. (Atualizado em 21 de agosto de 2009).
FONTES CONSULTADAS:
GUERRA, Rafael. Batutas deseja recuperar o feitiço. Jornal do Commercio, Recife, 13 jun. 2004. Cad. C, p. 3.
SILVA, Leonardo Dantas. Carnaval do Recife. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2000. 321 p.
COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: GASPAR, Lúcia. Batutas de São José (bloco carnavalesco). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar>. Acesso em:dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009. |