Coelhos (Bairro, Recife) |
Semira Adler Vainsencher Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco Durante o século XVI, as cidades do Recife e Olinda receberam muitos imigrantes judeus que fugiam das perseguições inquisitórias existentes na Península Ibérica. Na época dos descobrimentos, a população judaica, em Portugal, era bem significativa, correspondendo a 30% do total dos habitantes lusos. De acordo com Kaufman (2000), durante a ocupação holandesa vieram para o Recife judeus, alemães e poloneses, fugindo da Guerra dos Trinta Anos (1620), e dos massacres de 1648 e 1649. Hospital Pedro II. Creado pela lei provincial de 17 de novembro de 1846. Collocou-se a primeira pedra sob a presidência do exmo. sr. conselheiro d. ANTONIO PINTO CHICHORRO DA GAMA, em 25 de março de 1847. Santa Casa de Misericórdia do Recife. Autorizada pela lei provincial de 12 de junho de 1838. Inaugurada em 29 de julho de 1860 pelo zelo infatigável do dr. Ambrozio Leitão da Cunha, presidente de Pernambuco. Aberta como azilo ao infortúnio pelos esforços e piedade do mesmo presidente. Aos 10 de março de 1861. Existe, também, uma placa ao indigente, com uma frase de Gustavo Corção:
Não há vidas inúteis: a mais obscura, que ainda traga aceso e quente o mais malogrado coração, é ainda um bem inestimável e insubstituível, único no gênero, necessário à harmonia do universo. Gustavo Corção. Homenagem dos médicos de 1954 ao Indigente. Às margens de todo o rio Capibaribe, dentro da água e da lama, a população pobre constrói palafitas, fazendo surgir grandes favelas urbanas em locais alagados. A esse respeito, o convívio de pessoas e animais, no mesmo habitat, deu margem a que o escultor pernambucano Abelardo da Hora desenhasse uma série de gravuras que formaram a preciosa coleção Meninos do Recife. Chamada antigamente de rua Nova da Boa Vista, a rua Velha apresenta vários sobrados interessantes nos números 180, 182, 186, 201, 228, 233, 239, 302, 308, 327, e 408. Na rua Dr. José Mariano (o também chamado Cais Zé Mariano) pode-se observar uma série de armazéns de madeira e lojas comerciais. Na casa de número 186, vale registrar, foi construída, em 1972, a Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Recife: um templo quadrangular com vitrais (contendo muitos versículos), rosácea e arco em ogiva. Na primeira metade do século XX, na rua da Glória número 215, funcionava uma Sinagoga dos Sefaradim. Chamam-se de sefaradim os judeus provenientes da Espanha (sefarad), que emigraram para Portugal e, posteriormente, foram para os Países Baixos, sul da França, Inglaterra, Itália, e norte da África. Nesse mesmo local, foi construído o Centro Cultural Israelita de Pernambuco, que funcionou até a década de 1950 (KAUFMAN, 2000). No número 375, da mesma rua, além de várias casas com fachadas de azulejos, encontra -se hoje a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Glória, e a data 1791. Antigamente, a instituição tinha o nome de Recolhimento de Nossa Senhora da Glória do Recife. Na capela desse convento, estão os jazigos de dois padres, que faleceram no final do século XVIII. Nessas mesmas terras, foram sepultados os judeus que vieram para o Recife no século XVI, fugindo da Santa Inquisição.
Recife, 24 de julho de 2003. (Texto atualizado em 30 de outubro de 2007).
FONTES CONSULTADAS:
COSTA, F. A. Pereira da. Arredores do Recife. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1981.
GALVÃO, Sebastião de Vasconcellos. Diccionario chorografico, histórico e estatístico de Pernambuco. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1908. 4 v.
GUERRA, Flávio. Velhas igrejas e subúrbios históricos. Recife: Fundação Guararapes, 1970.
KAUFMAN, Tânia Newmann. Passos perdidos, história recuperada – a presença judaica em Pernambuco. Recife: Edição do Autor, 2000.
MELLO, José Antônio Gonsalves de; SANTOS, Maria Helena Carvalho dos. Gente da nação; cristãos-novos e judeus em Pernambuco – 1542, 1654. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1996.
MOURA, Hélio Augusto de. Presença judaico-marrana durante a colonização do Brasil. Cadernos de Estudos Sociais, Recife, v. 18, n. 2, p. 267-292, jul./dez., 2002.
ZISMAN, Meraldo. Jacob da balalaica. Recife: Bagaço, 1998.
COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: VAINSENCHER, Semira Adler. Coelhos (bairro, Recife). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/ >. Acesso em:dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009. |