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Casa Forte (Bairro, Recife)

Lúcia Gaspar

Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco

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O engenho Casa Forte, origem do atual bairro, foi criado em meados do século XVI, por Diogo Gonçalves, em parte das terras que lhe foram doadas pelo donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho.

Teve vários proprietários sendo chamado sucessivamente de Jerônimo Gonçalves, Isabel Gonçalves, Dona Anna Paes, Tourlon, Nassau, de With e, a partir de 1645, Casa Forte.

O engenho era movido a animais e ficava situado na margem esquerda do Rio Capibaribe, no local depois chamado de Santana, onde era depositado o açúcar fabricado e depois transportado pelo rio para o mercado do Recife.

      As casas do engenho com sua capela contígua, sob a invocação de Nossa Senhora das Necessidades, ficavam numa grande praça vulgarmente chamada Campina de Casa Forte, hoje Praça de Casa Forte.

      Foi nesse local que no dia 17 de agosto de 1645 travou-se o episódio conhecido como a Batalha de Casa Forte, para libertar algumas ilustres senhoras pernambucanas encarceradas pelos holandeses na casa-grande do engenho de Dona Anna Paes. Para lembrar o feito foi afixada uma placa com a seguinte inscrição: 

  

Neste local, denominado outrora engenho de Anna Paes, a 17 de agosto de 1645, o exército pernambucano dirigido por VIEIRA [João Fernandes Vieira], VIDAL [André Vidal de Negreiros], DIAS [Henrique Dias] e CAMARÃO [Antônio Filipe Camarão] combateu uma coluna holandesa que havia aprisionado matronas pernambucanas e se fortalecido na casa de morada à direita da Igreja, resultando victoria para os libertadores com o aprisionamento completo dos inimigos. Memória do Inst. Arch. e Geogr. Pernambucano, em 1918.

      Essa casa-grande passou a ser conhecida como Casa Forte, nome que foi estendido para toda a propriedade, para a povoação e depois ao bairro.

      Sua principal artéria, a Avenida 17 de Agosto, é uma homenagem ao dia dessa vitória dos pernambucanos sobre os holandeses.

      Em meados de 1810, o engenho foi comprado pelo padre José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, que ficou conhecido como o padre Roma, uma das figuras da revolução republicana de 1817. O novo proprietário demoliu a velha casa-grande, construindo no mesmo local uma outra vivenda, mas que depois também ficou abandonada.

Em 1907, o imóvel foi adquirido pelas irmãs francesas da Congregação da Sagrada Família que, após uma grande reforma, ali instalaram um colégio para moças em 1911.

A antiga capela do engenho, construída em 1672, também ficou em ruínas, a ponto de ter suas imagens depositadas na matriz de Nossa Senhora da Saúde, do Poço da Panela, de 1865 até 1909, quando foi feita a restauração daquela igreja.

Em outubro de 1911, depois de reconstruído, o templo foi sagrado como Igreja-Matriz da paróquia de Casa Forte, sob a invocação do Sagrado Coração de Jesus.

Em frente à igreja fica a Praça de Casa Forte, cujo projeto paisagístico é do arquiteto Burle Marx e onde podem ser encontradas várias espécies de plantas tropicais, inclusive algumas da Amazônia, como a vitória-régia.

Anualmente, no mês de novembro, a paróquia de Casa Forte realiza na área da Praça a Festa da Vitória Régia, muito conhecida e freqüentada pelos moradores do bairro e pelos recifenses em geral.

Casa Forte é um dos bairros mais arborizados do Recife. Ainda conserva alguns antigos casarões, como o prédio "velho" (ex-Hospital Magiot), na Av. 17 de Agosto, 2187, que perteceu a Francisco Ribeiro Pinto Guimarães e onde funciona hoje a sede da Fundação Joaquim Nabuco e alguns dos seus órgãos como o Museu do Homem do Nordeste e o Laboratório de Pesquisa, Conservação e Restauração de Documentos e Obras de Arte (Laborarte).

Recife, 21 de julho de 2003.
(Atualizado em 25 de agosto de 2009).




FONTES CONSULTADAS:

 

BRAGA, João. Trilhas do Recife: guia turístico, histórico e cultural. [S. l. : s. n..], 2000. p. 155-157.

 

FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Governo de Pernambuco. SEC, 1977. p. 283-285.

 

GUERRA, Flávio. Velhas igrejas e subúrbios históricos. Recife: Prefeitura Municipal, [19--?]. p. 241-248.

 

PEREIRA DA COSTA, Francisco Augusto. Arredores do Recife. 2. ed. autônoma. Apresentação e organização de Leonardo Dantas Silva. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 2001. p. 34-39.

 

ROCHA, Tadeu. Roteiros do Recife (Olinda e Guararapes)4. ed. [Recife: s. n.], 1970. p. 83.

 

COMO CITAR ESTE TEXTO:

 

Fonte: GASPAR, Lúcia. Casa Forte (bairro, Recife). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia  mês ano. Ex: 6 ago. 2009.

 
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