Capiba (Compositor) |
Lourenço da Fonseca Barbosa [Capiba] Por ele mesmo
Na qualidade de diretor da orquestra que fundara eu tinha que ser acadêmico. E, para tal, tentei o vestibular de direito, em 1931, para poder ostentar o honroso título de acadêmico, uma vez que os demais elementos de orquestra eram todos estudantes superiores. Onde eu morava, muito embora dormisse no quarto onde nasceu o grande abolicionista, Joaquim Nabuco, não cheguei a assimilar os seus conhecimentos e ensinamentos e, por isso, levei pau no vestibular daquele ano. No ano seguinte passei no vestibular. Não estava, portanto, enganando a mais ninguém. Era, de fato e de direito, acadêmico para todos os efeitos. (Hoje, com o correr dos tempos, não se diz mais acadêmico e sim, universitário). A honra do patrono da Fundação Joaquim Nabuco estava salva. Antes, eu havia musicado uma crônica do jornalista Guerra de Holanda, saída na sua seção "Bacia de Pilatos”, do Diário da Noite, com o título: Haja Pau, posteriormente transformada em peça para o Teatro de Bonecos, por José de Moraes Pinho. Tomei parte no Movimento Armorial lançado por Ariano Suassuna no início da década de 70, compondo uma peça em 3 movimentos, que se chama Sem Lei Nem Rei, título do romance de Maximiano Campos, publicado pela Editora "0 Cruzeiro”, em l968. Essa peça foi a primeira coisa que se fez, no gênero, a pedido do próprio criador do movimento. Não podia deixar de render, aqui, as minhas homenagens ao meu mestre e amigo Maestro Guerra Peixe, que me possibilitou a oportunidade de enveredar por um caminho da música, não digo erudita, mas de um caráter mais elevado. A minha amizade com Guerra Peixe começou quando Teófilo de Barros Filho, aindaem São Paulo, pediu que ele orquestrasse a minha Suite Nordestina, feita originalmente para piano. Esta peça, em 5 movimentos, que foi executada pela Orquestra Sinfônica do Recife, sob a regência do Maestro Vicente Fittipaldi, foi composta aproveitando a idéia, digo, a sugestão, de cinco quadros de uma exposição do grande pintor e amigo Lula Cardoso Ayres. Aproveitando a vinda do Maestro Guerra Peixe ao Recife, a chamado da Rádio Jornal do Commercio, no final dos anos 50, recebi do mesmo, aulas de composição e harmonia, o que me proporcionou uma maior consciência no que compunha. No decorrer das aulas compus algumas peças para piano (Instantâneos n0 I e n0II), uma peça para flauta-solo, em 2 movimentos, que dediquei ao flautista argentino Esteban Eitler, que a executou não só no Brasil, como pelo resto do mundo. Foi, para mim, uma experiência de grande valor. Não cultivei esse gênero de música, porque era muito difícil de ouvi-las executadas e, acima de tudo, porque já estava muito acostumado com o sucesso fácil de minhas produções populares. Agosto 1982.
COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: CAPIBA por ele mesmo. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009. |