Parque 13 de Maio, Recife |
Semira Adler Vainsencher Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Os primeiros parques públicos no Brasil receberam a influência dos paisagistas europeus. Eles se espelhavam nos modelos dos belos jardins franceses e ingleses, que buscavam valorizar a flora regional e garantir uma qualidade de vida melhor às pessoas.
Durante o período de ocupação holandesa em Pernambuco (1630-1654), o Conde Maurício de Nassau mandou construir um jardim renascentista, no Recife, com cerca de 6 hectares - o Parque do Palácio de Friburgo - que foi o primeiro no País, e continha várias espécies de animais, bem como um jardim botânico com plantas exóticas. Esse parque ficava localizado na atual Praça da República, no espaço onde foi construído o Teatro Santa Isabel.
Até 1880, época em que a camboa do Riachuelo foi aterrada, no bairro da Boa Vista, as terras que hoje fazem parte do Parque 13 Maio pertenciam à Ilha do Rato, um acidente geográfico flúvio-marinho de contornos incertos. No lado sul da ilha, manguezais e alagados jaziam inaproveitados. Esse terreno, portanto, era considerado o Passeio Público 13 de Maio.
Em 1860, o engenheiro inglês William Martineau elaborou o primeiro projeto para a construção de um parque. Nele, estava incluído o espaço do jardim da Faculdade de Direito do Recife e as terras que vão de lá até a Ponte Princesa Isabel. O projeto adotava um estilo geométrico, dividindo a área do parque em quatro jardins repletos de vegetação, com pátios, canteiros e fontes
No ano de 1875, está documentado que o engenheiro francês Emile Beringuer também elaborou um outro projeto para o parque. Sabe-se que ele continha, pelo menos, um coreto e um aquarium em arquitetura de ferro. De acordo com os especialistas, aquele projeto se assemelhava a alguns belos parques europeus, tais como o Parc Monceau, em Paris, e outros presentes em Lisboa e Bruxelas.
Durante o governo do General Barbosa Lima (1892-1896), teve início a construção do Jardim 13 de Maio. Porém, somente por ocasião do III Congresso Eucarístico Nacional, que foi realizado no Recife, é que a Prefeitura decidiu melhorar o aspecto daquela campina abandonada, construindo no local, então, o Parque 13 de Maio. Vale ressaltar que isso ocorreu em decorrência da pressão de jornalistas, escritores e negociantes, sob o argumento de que os espaços verdes públicos contribuíam, não somente para a beleza das cidades, mas para a saúde e elevação espiritual dos indivíduos.
Cabe salientar que, apesar de não representar o mais antigo, o Parque 13 de Maio é o primeiro parque urbano histórico do Recife. Foi inaugurado como tal no dia 30 de agosto de 1939, medindo 6,9 hectares, situando-se em uma área bastante central da cidade. Nessa época, na produção artística do meio ambiente, já atuava Burle Marx, um dos mais célebres paisagistas do País, e que também elaborou o projeto dos primeiros jardins públicos do parque.
Ali, observa-se uma variada vegetação contendo árvores, ervas tropicais e arbustos. No parque foram plantados dendezeiros, palmeiras imperiais, palmeiras-leque, paus-brasil,flamboyants, acácias, fícus-benjamim, paus-d’arco, além de árvores frutíferas tais como jaqueiras, mangueiras, sapotizeiros, jambeiros, abacateiros e tantas outras.
Em seus postes de iluminação, vêem-se quimeras mitológicas: figuras com cabeça e busto de mulher, asas de águia e corpo de leão. Existem, ainda, equipamentos recreativos para crianças e adolescentes, tais como balanços e escorregos.
Na década de 1940, lá foi construído um restaurante tradicional - o Torre de Londres - que tinha o formato de uma torre e cuja cozinha era considerada como de boa qualidade. Esse restaurante foi posteriormente desativado. E, na década de 1950, uma quarta parte da área do parque foi utilizada para a edificação da Biblioteca Pública de Pernambuco, como ainda de quatro escolas públicas.
Na entrada do Parque, pode-se ler uma placa com os seguintes dizeres:
Além disso, é possível se observar o busto de Joaquim José de Faria Neves Sobrinho (1872-1927), um dos fundadores da Academia pernambucana de Letras, com uma placa em seu pedestal onde se lê:
Criados em bronze pelo artista Bibiano Silva, encontram-se também os bustos de Dantas Barreto (com um pedestal de pedra e uma espada colocada na vertical), e do historiador Francisco Augusto Pereira da Costa.
Em 1973 e 1976, ali foram empreendidas algumas reformas. Além de um mini zoológico, o Parque 13 de Maio recebeu duas esculturas em concreto, feitas por Abelardo da Hora: o vendedor de caldo-de-cana, e dois sertanejos nordestinos, sentados, tocando violão. E, nos anos 1980, por questão de segurança dos usuários e como medida de proteção contra o vandalismo que o Parque 13 de Maio vinha sofrendo, o local foi todo cercado por grades de ferro.
Cabe registrar por fim que, segundo a legislação municipal de 1979, o Parque 13 de Maio e a Faculdade de Direito foram declarados sítios de preservação histórica.
Atualizado em 20 de fevereiro de 2017.
FONTES CONSULTADAS:
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.
RIBEIRO, Ana Rita Sá Carneiro. O projeto paisagístico, as funções e o uso dos parques urbanos – o Parque 13 de Maio. CLIO Revista do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, n. 18, p. 17-25, 1998.
ROCHA, Tadeu. Roteiros do Recife:Olinda e Guararapes. 3. ed. Recife: Gráfica Ipanema, 1967.
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