Praça da República (Recife) |
Semira Adler Vainsencher
A Praça da República está situada no extremo norte da Ilha de Santo Antônio, no Recife, entre as margens do rio Capibaribe, e relativamente próxima à Praça da Independência. No século XVII, tratava-se de um espaço muito apreciado pelo Conde Maurício de Nassau que, nele, em 1642, construiu o Palácio de Friburgo, ou das Torres, onde mantinha um parque zôo-botânico. No final do século XVIII, o referido Palácio é destruído e, a partir daí, o nome do logradouro muda diversas vezes. Primeiro é chamado de Campo do Palácio Velho; depois, troca-se para Campo do Erário, quando a tesouraria da Capitania de Pernambuco havia ocupado uma antiga dependência do Palácio das Torres. O nome se transforma em seguida em Campo da Honra, com a revolução de 1817. É importante registrar que, em 1821, no período em que o local se chamava Campo da Honra, foram nele enforcados os revolucionáros: Antônio Henrique Rabelo, padre Antônio Pereira de Albuquerque, Amaro Coutinho, Domingos Teotônio Jorge, José de Barros Lima (o Leão Coroado), José Peregrino Xavier de Carvalho e o vigário Tenório. Com a construção do novo Palácio do Governo, pelo Conde da Boa Vista, a praça é chamada de Largo do Palácio. Em 1859, depois da visita de Dom Pedro II a Pernambuco, o local é denominado Campo das Princesas. E, por fim, com a queda do Império e a conseqüente mudança da forma de governo, o logradouro adquire o nome pelo qual ainda é chamado atualmente: Praça da República.
Na praça, importantes ruas e avenidas têm início: a rua do Imperador Dom Pedro II, a avenida Dantas Barreto, a rua Frei Vicente Salvador, e a avenida Martins de Barros. Um relevante conjunto de prédios, monumentos, estátuas e árvores estão presentes no logradouro e/ou à sua volta, como o Palácio do Governo (desde 1967, a residência oficial do Governador do Estado), o Teatro Santa Isabel, o Liceu de Artes e Ofícios, o Palácio da Justiça, a Secretaria da Fazenda, o Arquivo Público Estadual, a estátua (em bronze) de Francisco do Rego Barros (o Conde da Boa Vista), um baobá (árvore proveniente das estepes africanas, de tronco baixo, mas cuja grossura chega a atingir até 9 metros de diâmetro), algumas tamareiras (palmeiras ornamentais, originárias do norte da África, úteis pelos seus frutos e sua madeira), e uma fonte luminosa. Cabe registrar que Francisco do Rego Barros (Barão, Visconde e, depois, Conde da Boa Vista), foi presidente da província de Pernambuco durante sete anos (1837-1844), e muito modernizou o Recife. Tendo estudado na Europa, e empreendendo novos métodos de trabalho, ele trouxe da França uma equipe de engenheiros e técnicos, e solicitou-lhes que construíssem estradas de rodagem e pontes, abrissem canais, realizassem aterros, e construíssem na cidade, inclusive, um novo Palácio do Governo e o Teatro Santa Isabel. Por essa razão, na Praça da República encontra-se uma estátua de um dos integrantes daquela equipe, o engenheiro francês Louis Léger Vauthier, fruto do trabalho do escultor pernambucano Abelardo da Hora, com um pequeno texto registrado em seu pedestal: Louis Léger Vauthier amou o Recife, cidade a que serviu devotadamente de 1841 a 1848 com a sua ciência, com a sua inteligência e com o seu humanismo. O Recife lhe é grato. Gilberto Freyre. 7-10-1974. Administração Augusto Lucena. A Praça da República, sem dúvida alguma, representa hoje o mais belo e bem cuidado logradouro público, assim como o principal centro cívico, cultural e administrativo da cidade do Recife.
Recife, 17 de julho de 2003.
FONTES CONSULTADAS:
ROCHA, Tadeu. Roteiros do Recife: Olinda e Guararapes. 3. ed. Recife: [s.n.], 1967. 1o. Prêmio "Cidade do Recife" no triênio 1956-1959.
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