Palácio de Friburgo, Recife, PE |
Lúcia Gaspar Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
O Palácio de Friburgo, local de residência e de despachos do governador, conde João Maurício de Nassau-Siegen, foi construído na Ilha de Antônio Vaz, atual bairro de Santo Antônio, no Recife, na área onde hoje se encontra o Palácio do Campo das Princesas (palácio do Governo), o Teatro Santa Isabel e grande parte da Praça da República.
O terreno foi adquirido por Nassau, em 1639, sendo as obras iniciadas no ano seguinte e concluídas no início de 1642.
Era conhecido pelo povo como Palácio das Torres, devido a sua arquitetura. Possuía duas torres altas, quadrangulares, com cinco pavimentos, ligadas por um passadiço coberto, dando-lhe o aspecto de igreja. As torres além de embelezarem o palácio, serviam como marco para os navegantes, que podiam avistá-las a uma distância superior a sete milhas. Uma delas era utilizada como farol e a outra como observatório astronômico, o primeiro fundado na América.
Foi construído de frente para o mar, para a velha zona portuária do Recife, e os fundos para a confluência ou encontro dos rios Capibaribe e Beberibe. Diante da fachada havia uma larga escadaria.
Era protegido, do ponto de vista militar, por canhões, um grande fosso e o Forte Ernesto, estes dois últimos situados na área onde hoje se encontram o Palácio da Justiça e o Convento Franciscano de Santo Antônio.
Possuía vários e luxuosos salões, destacando-se o salão de honra, onde podiam ser encontrados quadros de vários pintores, entre os quais, Frans Post e Albert Eckout, ricas tapeçarias e um mobiliário feito com as melhores madeiras do país.
Havia cópias de preciosidades de origem européia, que só existiam em palácios de reis ou residências de nobres da época. A grande maioria dessas riquezas, ou todas elas, encontram-se atualmente espalhadas pela Europa, especialmente na Holanda e na França, países para os quais Nassau vendeu grande parte das suas coleções.
O Palácio de Friburgo ficava situado no centro de um jardim zôo-botânico, onde foi reunida uma grande variedade de exemplares da flora e da fauna dos trópicos, que serviram de fonte para os primeiros tratados escritos de história natural do Brasil, como as obras Historia naturalis Brasiliae e De medicina brasiliensi, dos naturalistas Williem Piso e Georg Marcgraf.
Constavam também do jardim zôo-botânico, um grande viveiro de peixes, um pombal, vários tipos de aves e outros animais como papagaios, araras, cisnes, galinhas da Guiné, pavões, jabutis, tamanduás, antas, coelhos, sagüins, pacas, bugios (tipo de macacos), entre outros, grande parte doada por moradores que queriam agradar ao conde-governandor.
Foram transplantados para o local dois mil coqueiros, além de outras árvores frutíferas como bananeiras, laranjeiras, limoeiros, mamoeiros, mangueiras, cajueiros, pitangueiras, tamarineiras, jenipapeiros, romãzeiras.
Do lado exterior, entre o Palácio e o Forte Ernesto, havia ainda um estábulo para 24 animais, uma grande senzala, uma olaria, uma enorme cacimba e um local para estender roupa lavada.
No jardim eram realizados festivais e reuniões, além de existirem no Palácio casas de jogos e entretenimentos, freqüentados pela alta sociedade da época.
Com a volta de Maurício de Nassau para a Holanda, em 1644, o local passou a ser utilizado como quartel, durante as lutas contra os holandeses, ficando praticamente destruído na época da Restauração Pernambucana, em 1654. Restou apenas, mais ou menos conservado, o edifício, recuperado diversas vezes e que ainda abrigou vários governadores.
Entre 1774 e 1787, encontrando-se bastante arruinado, foi demolido por ordem do então governador da província, José César de Meneses.
No seu local foi construído o Erário Régio, que utilizou alicerces do antigo Palácio de Friburgo, em uma de suas faces.
Recife, 6 de maio de 2004. (Atualizado em 31 de agosto de 2009).
FONTES CONSULTADAS:
DONATO, Maria das Graças Andrada. Recife, cidade maurícia. Recife: Governo do Estado de Pernambuco. Secretaria de Educação. Comissão de Moral e Civismo, 1986. p. 61-66.
GUERRA, Flávio. De Friburgo ao Campo das Princesas: nota histórica dos palácios de governo em Pernambuco. Recife: Governo do Estado de Pernambuco, [Casa Civil], 1966. 54p.
PARAHYM, Orlando. Visão de um Recife que o tempo levou. Recife: Governo do Estado de Pernambuco. Secretaria de Educação. Comissão de Moral e Civismo, [198-?]. p.9-11.
COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: GASPAR, Lúcia. Palácio de Friburgo (Recife, PE). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009. |