Erro
  • DB function failed with error number 1142
    CREATE command denied to user 'pe_user'@'localhost' for table 'jos_vvisitcounter' SQL=CREATE TABLE IF NOT EXISTS jos_vvisitcounter ( id int(11) unsigned NOT NULL AUTO_INCREMENT, tm int NOT NULL, ip varchar(16) NOT NULL DEFAULT '0.0.0.0', PRIMARY KEY (`id`) ) ENGINE=MyISAM AUTO_INCREMENT=1;
  • DB function failed with error number 145
    Table '.\pesquisaescolar\jos_vvisitcounter' is marked as crashed and should be repaired SQL=INSERT INTO jos_vvisitcounter (id, tm, ip) VALUES ('', '1686173174', '44.200.82.149')
  • DB function failed with error number 145
    Table '.\pesquisaescolar\jos_vvisitcounter' is marked as crashed and should be repaired SQL=SELECT MAX(id) FROM jos_vvisitcounter
  • DB function failed with error number 145
    Table '.\pesquisaescolar\jos_vvisitcounter' is marked as crashed and should be repaired SQL=SELECT COUNT(*) FROM jos_vvisitcounter WHERE tm >= '1686106800'
Home
Pregões (Folclore)

Lúcia Gaspar
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

 

[...] E dos pregões já não se ouve o do preto velho vendedor de ostras [...] Nem os dos vendedores de mel de engenho. Nem o das pretas vendedoras de sabão-da-costa. Nem dos  vassoureiros que quando atravessavam as ruas pareciam figuras de homens a caminho de festas, de tão cheios de penachos e de cores vivas. [...] (Gilberto Freyre, 1961).

Conhecidos em todo o mundo, os pregões são anúncios feitos pelos vendedores ambulantes de rua, com o objetivo de vender suas mercadorias. 

Antigamente, existiam em grande quantidade na maioria das cidades brasileiras. Hoje, no entanto, com a predominância de prédios de apartamento com muitos pavimentos, os chamados espigões, em vez das casas térreas e os sobrados pequenos de outrora, os pregões nas cidades grandes quase que desapareceram totalmente. Não é muito viável que o som chegue ao alto dos arranha-céus, nem que as pessoas desçam para comprar as mercadorias. Além disso, a proliferação dos supermercados, que praticamente fez desaparecer as pequenas vendas e mercearias, inviabilizou os pregões, principalmente nas grandes cidades brasileiras.

Infelizmente, não houve a preocupação de gravar as vozes, palavras e entoações dos pregoeiros. Existem somente alguns registros escritos em poucas cidades brasileiras, como no Recife, Pernambuco, e em São Luís, no Maranhão. Há, atualmente, tentativas de levar o tema para a academia, por meio do estudo da música. Entretanto, os registros sonoros originais dos antigos pregões não foram preservados.

Havia vendedores de frutas, verduras, peixes e crustáceos, remédios, sorvetes, caranguejo, vassoura, espanador, jornal, amendoim, macaxeira (aipim), rolete de cana de açúcar, doces diversos (pirulito, cocada, quebra-queixo, também conhecido como “japonês”, algodão doce), mel de engenho.  Alguns usavam instrumentos musicais, como a gaita ou o apito, como o tradicional vendedor de pirulitos do Recife e cidades vizinhas.

Segundo o folclorista Luiz da Câmara Cascudo, os pregões podem ser divididos em duas categorias: os individuais, em que os vendedores escolhem uma maneira própria de apregoar;  e os genéricos, que são  usados por todos os vendedores do mesmo artigo.

 Além de uma importante referência cultural, os pregões possibilitam o conhecimento de vários aspectos sobre os usos e modos de vida de uma sociedade.

Reunimos, abaixo, alguns pregões registrados por pesquisadores nas cidades do Recife e de São Luís:

• Olha o rolete! Rolete é de cana caiana! Quem vai querer?
• Olha a bolinha de cambará, cura tosse e constipação! Olha a bolinha de cambará, um pacote custa um tostão!
• Ostra, é chegada agora! É chegada agora..É chegada agora...
• Mé novo, de engenho!
• Banana prata e maçã madurinha!
• Verdureiro!
• Garrafeiii-ro!
• Ó batata... Olha a batata!
• Maracujá miúdo, no balaio de Iaiaá!
• Fru-u-u-tas!...
• Cuscuz... Olha o cuscuz quentinho!
• Macaxeira! Macaxeira rosa
• Macaxeira! Macaxeira Bahia, cozinha n'água fria!
• Olha o amendoim! Amendoim torradinho!
• Caranguejo! Olha o caranguejo!
• Pirulito ! Olhe o pirulito ! Quem vai querer?
• Olha o pirulito! Enrolado no papel enfiado no palito!...
• Cavala! Olha a cioba!
• Ma-ca-xeira! Macaxeira rosa! É rosa e Bahia...
• Piii-tom-ba! Chora meni-i-no pra comprá pitomba!
• Ei, piripiripiripiripitomba! Menino chora prá comprar pitomba! Ei, pitomba!
• Sor-ve-te! Sor-ve-te! É ...de maracujá!
• Sorvete! É de coco verde!
• Prata! Prata e ouro! Compra-se ouro quebrado... Prata e ouro!
• Mun-gu-zá! Tá quentinho!;
• Manguzá, manguzá, feitinho por Iaiá, a sombra do Terço, à luz do luar …
• Baaa-ta-ta! Bata doce, rainha!
• Mi-ú-u-do!...Miudeiro!
• Algodão doce!...
• Eu tenho lã de barriguda para travesseiro!
• Olha o cavaquinho! [Tin-lin-lim... Tin-lin-lim, o som do triângulo]
• Cavaco chinês!... [Tin-lin-lim... Tin-lin-lim, o som do triângulo]
• Ja-po-nês! Doce japonês!...
• Diario e Commercio! Jor-na-leiro!
• Rolete de cana caiana, manga de Itamaracá são os melhores que há!... 
• Mé nôô-vo! Mé novo de engenho!
• Ver-du-rei-ro! Ba-na-na prata madurinha!
• Gua-ra-ju-ba! Ô guarajuba!"...
• Vassoura, espanador, regador, esteira d’angola, caçarola, grelha! Olhe o vassoureiro!
• Espanador, vasculhador, colher de pau, esteira d’angola, rapa-coco e gelha... Eu tenho quartin-iiinha!..
• Olha a laranja, D. Arcanja. É doce que é uma beleza, D. Tereza. Tem tangerina, D. Felismina!
• Laranja de Anajatuba. Quem não comprar fica com curuba! (sarna)
• Caranguejo gordo! Olha o caranguejo, freguês!
• Doce gelado! (era o pregão para o picolé, logo quando surgiu)
• Sorvete!... Sorvete de coco e taperebá!
• Sorvete!...Sorvete de coco, chocolate, creme, bacuri!...
• Verdureiro!... Verdureiro chegou! Olha, aqui o verdureiro, freguesa!...
• Garrafeiro... Compro garrafas, meias garrafas, litros e vidros... Freguês!
• Pamonha... pamonha... Tá quentinha! A pamonha só é boa, quando é feita por “Didinha”.
• A-ça-a-aí... A-ça-a-a-í... Olha a juçara, freguês! A-ça-a-aí... A-ça-a-a-í...
• Arroz – de – cuxá!... (prato típico da cozinha maranhense). Chega, freguês!... Tá quentinho!...
• Aê mingau de milho! Aê, mingau na hora. Vem comer; olha criança! Tá quentinho!

Recife, 16 de novembro de 2011.

FONTES CONSULTADAS:

BOGÉA, Lopes; VIEIRA, Antonio. Pregões de São Luís.  São Luís: Edições FUNC, 1980.

CASCUDO, Luiz da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 10. ed. rev. e atual. São Paulo: Global, 2002.

FREYRE, Gilberto. Guia prático, histórico e sentimental da cidade do Recife. 3. ed. rev.  atual e aumentada. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1961.

MORHY, Érika. Estudo propõe inserção dos pregões na formação acadêmica. Disponível em: <http://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/Beira19/Noticias/noticia8.htm>.  Acesso em: 16 nov. 2011.

PRAGANA, Maria Elisa Collier. Pregões recifenses. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Instituto de Pesquisas Sociais, Centro de Estudos Folclóricos, 1981. (Folclore, 106).

SOUTO MAIOR, Mário; LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de folclore para estudantes. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 2004.

COMO CITAR ESTE TEXTO:

Fonte: GASPAR, Lúcia. Pregões (folclore) . Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia mês ano. Ex.: 6 ago. 2011.

 

Copyright © 2023 Fundação Joaquim Nabuco. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido pela Fundação Joaquim Nabuco