Madeira do Rosarinho (Bloco Carnavalesco) |
Lúcia Gaspar Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
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Um dos blocos carnavalesco mistos mais tradicionais do Recife, o Madeira do Rosarinho, foi criado por Joaquim de França e um grupo de dissidentes, no dia 7 de setembro de 1926, por causa de divergências com a diretoria do antigo bloco Inocentes do Rosarinho. Inicialmente, o grupo pensou em chamar o de gogoia, por estar reunido embaixo de uma árvore dessa espécie, mas houve um consenso de que o nome não “soava bem”. Cogitou-se então chamá-lo Madeira que Cupim não Rói, por ser a gogoia uma madeira resistente. Por fim, optou-se por Madeira do Rosarinho. Seu símbolo é um escudo, semelhante aos de clubes de futebol, nas cores vermelha, branca e verde, com uma figura mascarada no centro. A sede do bloco, no bairro do Rosarinho (Rua Salvador de Sá, 64), é um local de entretenimento para a comunidade e para os recifenses em geral. Com capacidade para cerca de mil e quinhentas pessoas, o bloco realiza festas e bailes nos seus salões durante o ano todo, além dos dias de Momo. Na quarta-feira de cinzas, o Madeira do Rosarinho sai às ruas com o Bacalhau do Madeira, bloco que arrasta uma multidão de foliões pela comunidade e seu entorno. São destaques no seu repertório musical as marchas Me apaixonei por você, Pára-quedista (grafia da época) e, a mais famosa delas, Madeira que cupim não rói, composta por Capiba, em 1963, como uma forma de protesto contra o resultado do concurso de blocos daquele ano, que concedeu o primeiro lugar ao Batutas de São José, como diz, principalmente, a segunda estrofe da música.
A rivalidade entre os blocos sempre foi uma constante e era expressa principalmente por meio de músicas. Em 1954, época de acirrada disputa entre os blocos Inocentes do Rosarinho e Madeira do Rosarinho, o presidente do Inocentes solicitou ao compositor Chico Baterista (Francisco da Silva Oliveira) uma canção para provocar o bloco rival, surgindo assim a marcha Mágoa:
Posteriormente, após ser preterido na ordem da apresentação do desfile, diante do palanque na Federação Carnavalesca Pernambucana, o Inocentes colocou nas ruas a marcha Xô! Xô! Pára-quedista (grafia da época), também com letra de Chico Baterista:
No ano seguinte, devido a uma crise interna, o Inocentes do Rosarinho não desfilou no carnaval e o seu rival Madeira do Rosarinho providenciou uma resposta, por meio da marcha Quá! Quá! Quá! Quá! gravada com o título Pára-quedista, com letra do cantor Roberto Bozan, introdução e arranjo musical de Luís Amaral:
Essa música Pára-quedista é atualmente uma das mais executadas no carnaval recifense e inspirou a criação do bloco Pára-quedista Real, criado em 1999, pela comunidade do Poço da Panela. Em 2012, o ensaio do Bloco foi realizado na sede do Madeira do Rosarinho, uma das suas inspirações. O Madeira participa do Concurso de Agremiações Carnavalescas do Recife e é detentor de um hexacampeonato e mais de vinte títulos, entre os quais o de Campeão da Primeira Categoria, em 2005, e do Grupo I, em 2007. Seu desfile acontece no domingo de Carnaval. Conta com um coral profissional, uma orquestra com vinte músicos e cerca de 190 componentes distribuídos em onze alas, além de diversas fantasias nas cores tradicionais do Bloco. Seus ensaios acontecem sempre nas segundas-feiras. No final de 2008, a sede do Bloco passou por uma grande reforma para substituição do piso do salão principal, revestimento em cerâmica nas paredes e pilastras, pintura geral, construção de banheiros e rampas para deficientes físicos, melhoramentos na portaria social, sinalização, ambientação e criação do seu Memorial, com recursos da Prefeitura do Recife, do trade turístico e de outros patrocinadores. A obra foi inaugurada no dia 10 de janeiro de 2009, pelo Prefeito do Recife. Após a reforma, a agremiação passou a fazer parte do circuito turístico da cidade. Recife, 18 de janeiro de 2013. FONTES CONSULTADAS: BAIRROS do Recife. Algomais Tudo, Recife, ano 2, n. 2, p. 37, nov. 2011. CATÁLOGO de agremiações carnavalescas do Recife e Região Metropolitana. Recife: Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco; Prefeitura do Recife, 2009. p. 90-91. CÉSAR, Thiago. Tradição e paixão pelo Carnaval. 2009. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2012. JOAQUIM, Luiz. Madeira do Rosarinho conta sua história. Jornal do Commercio, Recife, 1º ago. 2000. Caderno C. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2013. SILVA, Leonardo Dantas (Org.). Blocos carnavalescos do Recife: origens e repertório. Recife: Governo de Estado de Pernambuco, Secretaria do Trabalho e Ação Social, Fundo de Amparo ao Trabalhador, 1998. COMO CITAR ESTE TEXTO: Fonte: GASPAR, Lúcia. Madeira do Rosarinho (bloco carnavalesco). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009. |